Logo se dirigem para mim, perguntando:
- É o João Nogueira Garcia do Quitexe?
- Sou.
- Então acompanhe-nos. Somos agentes da Pide.
Sou metido entre os dois, sem saber qual o meu destino nem o motivo porque era detido. No caminho ainda me perguntam se conheço o catequista do Bumbe. Digo que sim. Afinal, o senhor é uma pessoa muito conhecida no Quitexe! E eu sou um dos fundadores da povoação. (Quando passava pelo Bumbe, normalmente pedia um copo de água ao catequista que trazia sempre dois copos e fazia questão de beber primeiro para demonstrar que a bebida não estava envenenada. – Deixa-te disso! Se não tivesse confiança em ti não te pedia água, dizia-lhe.) A carrinha aproxima-se, agora, dum largo. Portão fortemente guardado por soldados de capacetes de aço, cartucheiras de balas ao peito e espingardas de guerra. Estou, afinal no Quartel Militar do Uíge. Lá dentro parece reinar uma certa confusão entre os soldados: ordens para todos os lados. Já no interior, acompanhado pelos pides, sigo junto a uma parede da parada.
- Espere aqui, até o chamarmos!
E entram por uma porta. E ali fiquei esperando. Cansado que andava de noites e noites sem dormir, sento-me no chão. Quando já dormitava, ouço uma voz dizer-me:
- Levante-se lá , o que está aqui a fazer?
Vi, então, um tenente empunhando um sabre que me apontava conforme me ia levantando. Já de pé, e com o sabre apontado ao pescoço, miro o tenente dos pés à cabeça e, olhos nos olhos, digo-lhe:
- Estou aqui detido às ordens da Pide, que me mandaram esperar.
O tenente, vendo que não retirava os olhos dele, começa a gritar para os soldados:
- Qual foi o sacana que deixou o sabre da espingarda aqui no chão?
Deu meia volta, como que envergonhado, sem dizer mais palavra e desapareceu entre os soldados. Tinha perdido o sono e o cansaço, não voltei a sentar-me e esperei que os pides aparecessem, o que aconteceu uma meia hora mais tarde. Vêm dizer-me que, afinal, não era a mim que procuravam mas sim o meu irmão Alfredo. Disse-lhes que ele estava em Luanda. Abandonei o Quartel temendo, a qualquer momento, uma bala pelas costas.
Agora a minha preocupação era avisar o meu irmão que a Pide o procurava. Consegui telefonar ao meu primo Luís Garcia que se encarregou de o alertar.
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