Neste livro de recordações, com uma linguagem simples, mas fluente e cativante, o autor transporta-nos através do tempo, relatando episódios que influenciaram de forma indelével a história de Angola.
Recorrendo-se da memória extraordinária sobre factos, pessoas e lugares que marcaram a sua vida há mais de 40 anos, somos obrigados a envolvermo-nos nesses dias de tragédia para portugueses e angolanos.
Começando o seu relato nesse longínquo 4 de Fevereiro de 61, vai, depois, descrevendo os dias, qual diário ditado de memória, até Julho desse ano, quando regressa a Portugal.
Vão passando, diante dos nossos olhos, o sofrimento, a angústia, a morte, o terror e, também, sobretudo, o carácter de um homem que tem a coragem de dizer não! Não à barbárie, não à vingança, não à violência! Um homem que tem horror à guerra, mas que é nela envolvido. Não foge, mas mantém os valores de respeito pela dignidade humana que sempre o nortearam.
Com uma profunda amizade e respeito pelos povos do Quitexe, vai ainda mais fundo no baú das recordações e carreia episódios ou apenas relatos do quotidiano que nos levam a compreender (não a justificar) o horror vivido naquela madrugada de 15 de Março.
Mas não cai na tentação, porque a viveu, de pintar a colonização de Angola a preto e branco, assumindo complexos de culpa por uma acção que teve, também, muito de meritório. Aqui estão os relatos das privações, do isolamento, das doenças e das mortes nos primeiros anos de vida naquelas terras. Hoje só é possível compreender esta acção colonizadora se atentarmos nas ainda mais duras condições de vida a que a generalidade do povo português estava sujeito na sua pátria.
Surgem, então, as contradições de quem assume a colonização, não com o chicote e a palmatória, mas inserida no contexto histórico da época. Consciente, também dos erros e crimes dessa colonização, tem a noção de que, depois de tantos sacrifícios os povos angolano e português poderiam e deveriam ter tido outro destino que não a guerra fratricida, deixando em escombros uma obra que os unia no melhor e no pior.
Agradeço, pois, ao meu Pai este livro, pelo reencontro que me proporcionou com a terra que me viu nascer, pelo prazer que me deu e pelo orgulho que senti ao lê-lo e pelo exemplo dado às novas gerações de que os valores da dignidade, da exaltação da vida, da amizade e da solidariedade são universais, eternos e compensadores.
Obrigado!
João Luís Matos Garcia
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